Nosso dia a dia envolve comunicação constante com a cidade. À medida que percorremos diferentes espaços, fazemos perguntas como “Onde estou agora?”, “Para onde vou?”, “O que procuro?”, “Para que serve este edifício?”. Embora os encontros nestes espaços possam parecer intuitivos, o design gráfico ambiental (EGD) fornece as respostas para estas perguntas, servindo como uma interface importante entre nós e o ambiente construído. Envolve o design de elementos gráficos que se fundem com projetos arquitetônicos, paisagísticos, urbanos e de interiores para tornar os espaços mais informativos, fáceis de navegar e memoráveis. O EDG consiste em três elementos principais: texto, forma e cor. Texto e formas normalmente transmitem as informações gráficas, mas as cores as projetam, amplificam e ajudam a comunicá-las na cidade. Nas experiências espaciais, percebemos primeiro as cores, uma vez que nossos sentidos registram principalmente sensações visuais. Portanto, o uso estratégico da cor é fundamental para que os gráficos ambientais proporcionem uma experiência completa de imagens de identidade, senso de lugar e conexão emocional.
Uma das primeiras formas de inserção de texto gráfico na arquitetura são os hieróglifos egípcios, que incorporavam histórias em edifícios e os tornavam documentos históricos da civilização. Hoje, o design gráfico ambiental cresceu e abrange mais do que apenas contar histórias. Está presente em sinalizações, outdoors, placas de trânsito, caixas de correio, instalações públicas e outros espaços da cidade, traduzindo visualmente o funcionamento de sociedades complexas. É capaz de comunicar tudo isto através da cor, como uma fachada que tem impacto direto na percepção. A cor não apenas sobrepõe a informação de uma forma agradável e bonita, mas também cria uma sensação de coerência, relaxa psicologicamente as pessoas, reduz a ansiedade em estruturas de grande escala e cria ordem em ambientes urbanos.
No design gráfico, certas cores evocam respostas psicológicas específicas. O vermelho evoca emoções fortes, como paixão, excitação e urgência. O azul está associado à calma, confiança e confiabilidade. Amarelo representa felicidade, energia e otimismo. O verde simboliza principalmente a natureza e pode denotar saúde, harmonia e equilíbrio, enquanto o roxo representa luxo, criatividade e espiritualidade. Combinar estrategicamente essas cores e combiná-las com a estética existente dos edifícios e da cidade permite que a informação não apenas seja percebida, mas também provoque uma resposta emocional. Em projetos hospitalares, por exemplo, o verde e o amarelo costumam ser usados em elementos gráficos aplicados em superfícies brancas para reduzir a ansiedade do paciente e melhorar o bem-estar geral.
Além disso, pesquisas recentes sobre a influência das cores no design gráfico ambiental em hospitais infantis demonstraram o poder da coloração e do design temáticos no conforto de pacientes jovens. Os autores Asri Dwiputri e Wirania Swasty propõem que todas as sinalizações de uma seção específica podem ser inter-relacionadas através de um design comum e um tema codificado por cores, como o uso de um tema de oceano azul para um determinado andar, um tema de floresta verde para um departamento ambulatorial ou um tema de deserto amarelo para um departamento de terapia intensiva. Através desta abordagem, a cor no design gráfico ambiental pode tornar espaços complexos, que normalmente causam pânico, mais confortáveis.
A cor é uma ferramenta estratégica usada na concepção de sistemas de orientação que ajudam as pessoas a navegar por um lugar ou cidade. Ela é usada para organizar a hierarquia visual das mensagens, controlando o que os visualizadores devem ver primeiro e, depois, ler. O título de um local, por exemplo, pode ser projetado com cores vivas e a sua localização com cores quentes, refletindo uma hierarquia de como a mensagem deve ser percebida. O uso das cores, o tamanho, a escala e tipografia das mensagens, orienta efetivamente as pessoas em espaços complexos, como estações de trem, aeroportos e estádios.
Além disso, ao projetar tais edifícios, a escolha da cor da sinalização depende do entorno visual, incluindo as cores de fundo das paredes e janelas, a quantidade de luz natural no espaço, a iluminação e outros elementos espaciais. Em espaços visualmente lotados como aeroportos, o poder do contraste é utilizado para melhorar a legibilidade da sinalização. Isso vai desde o contraste de cores entre as letras e o fundo da sinalização até a diferença entre a sinalização e seu ambiente visual de borda.
A escolha da cor torna-se mais complexa na cidade, onde múltiplos catálogos visuais de diferentes edifícios que abrigam sinalizações e anúncios competem pela percepção. Por exemplo, Times Square, o popular cruzamento comercial no centro de Manhattan, é uma área urbana definida por múltiplas camadas de contraste de cores no design gráfico ambiental. A escolha de uma nova sinalização na área depende estrategicamente da percepção visual dos edifícios adjacentes, do código de cores dos gráficos que projetam e de como a nova cor se destaca no esquema de cores existente.
A Times Square também mostra como a colagem de cores no design gráfico ambiental (EGD) contribui para a criação de lugares. O uso da cor em relação a fontes, padrões e animações pode transformar completamente uma área, trazendo personalidade a espaços de escritórios, restaurantes, centros comerciais e lugares únicos na cidade. Ao aproveitar as propriedades emocionais da cor para contar histórias em gráficos ou criar imagens que ressoem em uma comunidade, um senso de identidade pode ser construído entre os ocupantes.
O graffiti é um exemplo famoso do papel da cor na criação de lugares dentro das cidades. Através do graffiti, a cor é usada em paredes da cidade como forma de expressão pessoal, exibindo tensões socioculturais e afirmando uma reivindicação a um lugar específico. Quando um esquema de cores simples é escolhido no graffiti, a percepção é atraída para focar nas formas geométricas. Redemoinhos de cores primárias brilhantes têm muito movimento e energia, parecendo dançar. Esses usos estratégicos do graffiti e suas cores nos gráficos ambientais são elaborados para tornar a arte marcante e se criar conexões emocionais com as comunidades.
O uso da cor é fundamental em todos os aspectos do design gráfico ambiental. Afeta como os indivíduos navegam pelo espaço, interagem com os outros e seu senso de pertencimento. Através de propriedades como hierarquia visual, percepção emocional, contraste, identidade e outros aspectos da teoria da cor, o uso estratégico da cor é empregado para projetar melhores sistemas de orientação, exposições, instalações públicas e espaços únicos na cidade. À medida que desvendamos diferentes aspectos da cidade, nossa comunicação visual com cores forma uma camada fundamental de design gráfico ambiental que informa nossas experiências.
Este artigo é parte dos Temas do ArchDaily: Cor na arquitetura. Mensalmente, exploramos um tema em profundidade através de artigos, entrevistas, notícias e projetos de arquitetura. Convidamos você a conhecer mais sobre os temas do ArchDaily. E, como sempre, o ArchDaily está aberto a contribuição de nossas leitoras e leitores; se você quiser enviar um artigo ou projeto, entre em contato.